Esta entidade foi pela primeira vez descrita em 1868 por Jean-Martin Charcot como um processo de destruição óssea associado à neuropatia induzida pela sífilis (tabes dorsalis).
A Artropatia de Charcot / Neuroartropatia, representa uma entidade rapidamente progressiva e devastadora, que ocorre mais frequentemente nas articulações do pé e tornozelo, e de forma menos comum outros segmentos como ombro ou coluna vertebral. Consiste em uma deformidade nos ossos e articulações associados a perda de sensibilidade protetora e a traumas repetitivos.
Caso não exista um devido reconhecimento desta entidade, poderá ocorrer uma progressiva deformação, ulceração, osteomielite, podendo até mesmo atingir a perda de segmento por amputação.
Atualmente são reconhecidas várias causas de neuroartropatia, sendo a diabetes a principal. Outras das causas citadas são sífilis, tumores e patologia compressiva da medula espinhal, poliomielite, alcoolismo, esclerose múltipla, disautonomia familiar entre outras.
A apresentação clínica é caracterizada por edema, eritema e calor da região afetada, frequentemente o pé. Na maioria das situações o doente não recorda qualquer evento traumático prévio.
Este quadro é clinicamente indistinguível das infecções, e quase todos os doentes apresentam neuropatia periférica severa, não relatando a dor como principal sintoma. De fato, é esta ausência de sentidos que atrasa a identificação da doença.
O diagnóstico e tratamento precoces são cruciais no prognóstico da doença, cujo curso é muitas vezes rapidamente progressivo, levando a deformação, ulceração e amputação.
Suas manifestações clinicas podem ser confundidas com outras hipóteses diagnósticas como vasculites, gota, ou quadro infeccioso. Para o diagnóstico diferencial é essencial a avaliação dos parâmetros vitais, excluindo presença de febre, exames objetivos excluindo eventuais soluções de continuidade com a pele e avaliação incluindo dosagem de indicadores inflamatórios.
O primeiro exame de imagem de escolha é o Raio – X do pé. Devem ser estudados ambos os pés, de maneira comparativa. No início, o RX poderá apresentar-se ainda sem alterações, no entanto nas subsequentes fases é diagnóstico. Os achados radiográficos dependem do estado e da localização anatômica.
O tratamento inicial consiste na imobilização gessada do membro afetado, e redução do stress por total ausência de carga. O tempo de imobilização e recuperação varia com a localização da lesão. O tratamento cirúrgico depende da localização da lesão, bem como da experiencia do centro cirúrgico, estando indicado em falha do tratamento conservador, como em casos de ulceras crônicas ou recorrentes associadas a proeminência óssea, articulações instáveis e fraturas agudas.
REFERÊNCIAS:
PENHA, Diana et al. Artropatia de Charcot: conceitos básicos ilustrados. Revista Clínica do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, v. 1, n. 1, p. 34-36, 2013.
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