A corrida é uma atividade presente desde o início dos tempos e sempre foi muito importante para o ser humano, ainda que hoje em dia seja utilizada mais de forma recreativa ou tendo em vista benefícios e garantia de saúde. Apesar do avanço tecnológico em calçados convencionais à fim de garantir maior conforto e segurança durante a atividade, uma prática comum atualmente tem sido o hábito de correr descalço ou com o uso de calçados minimalistas, mas quais seriam os benefícios dessa atividade?
O aumento da atividade de correr descalço surgiu da necessidade de prevenção de lesões, da maior eficiência durante a execução da corrida e da melhora da performance encontrados em alguns corredores profissionais, quando comparado àqueles que corriam calçados
Em indivíduos que correm descalços, foi observado através de estudos um padrão de contato inicial com o antepé, com menor tempo de contato com o solo, menor cadência e menor comprimento da passada, fatores que em conjunto estão associados a uma redução na carga de impacto.
Além disso, esse contato inicial com o antepé gera um aumento do ângulo de flexão do joelho no contato com o solo e menor flexão do joelho durante a fase de apoio, sendo relacionado com a diminuição do estresse através da articulação patelofemoral, tornando-se benéfico para corredores que sofrem de dor no joelho e lesão.
Em suma, os efeitos encontrados nos estudos foram: melhora da economia de energia na corrida, alterações cinéticas e cinemáticas em membros inferiores, alteração do padrão de ativação muscular e maior estabilidade do tornozelo.
A importância de identificar esses fatores está associada à possibilidade de ganhos significativos na performance do corredor e à prevenção de lesões.
Em relação ao gasto energético, indivíduos descalços apresentam melhora na economia de energia durante a corrida. Uma possível explicação seria uma utilização maior e mais efetiva da energia elástica dos músculos e tendões, como resultado de uma maior flexão plantar nos indivíduos descalços.
O menor custo de oxigênio em indivíduos descalços está relacionado a diferenças cinemáticas encontradas na marcha, principalmente ao tempo de contato inicial com o solo, que é menor. Assim, a corrida descalça parece reduzir o gasto energético, o que poderia contribuir para um melhor desempenho dos indivíduos, principalmente em corridas de longa distância, evitando ou retardando o aparecimento de sintomas comuns como fadiga e câimbras.
Outras alterações que podem ser observadas em indivíduos que começam a correr descalços são o menor comprimento da passada e menor frequência dos passos, juntamente com alterações no padrão eletromiográfico dos músculos tibial anterior e gastrocnêmio. Além disso, um achado cinético importante é uma menor magnitude da força de impacto no grupo descalço, o que pode estar relacionado a um menor risco de lesão e em uma melhora significativa na agilidade, bem como a estabilidade global do corredor.
Portanto o hábito de correr descalço traz benefícios quanto à performance e ao risco de lesão, uma vez que há uma menor exigência dos músculos e articulações envolvidos na mecânica da corrida descalça, além da diminuição da força de reação do solo nesta condição.
Referências:
CORDEIRO, Pollyanna Flavia. Efeitos do treinamento de correr descalço em indivíduos saudáveis: uma revisão sistemática. 2016.
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