Você sabia que o cuidado inadequado com essas lesões agudas pode provocar efeitos crônicos ao seu tornozelo?
A entorse do tornozelo é uma lesão com alta incidência e recorrência. Na maioria dos casos essa situação é recuperada com uma abordagem conservadora, porém, pode haver evolução para instabilidade crônica.
Este tipo de lesão costuma ocorrer quando o tratamento agudo não permite uma recuperação funcional completa e tem como fatores de risco o sexo masculino, maior altura e um maior IMC.
Grande parte dos doentes com instabilidade crônica não procura ajuda médica, resultando numa menor capacidade funcional e maior incidência de entorses de repetição.
A instabilidade crônica tem um grande impacto na qualidade de vida dos doentes a longo-prazo, podendo apresentar dor crônica, que é muito frequente e em alguns casos pode evoluir com o desenvolvimento de artrose pós-traumática. Além da dor, podemos encontrar edema articular e instabilidade. Os défices encontrados incluem diminuição da amplitude de dorsiflexão, menor volume e força dos músculos intrínsecos e extrínsecos do pé, diminuição da excitabilidade neuromuscular e ativação muscular tardia. Apresentam défices bilaterais no equilíbrio postural e dinâmico, incluindo no pé contralateral e anca.
Exames de imagem são úteis para a detecção de lesões associadas. A radiografia em stress apresenta boa sensibilidade para detectar instabilidade mecânica, mas é dependente da cooperação do doente. A ecografia tem uma boa sensibilidade para detectar lesões ligamentares e um melhor custo benefício. A RMN apresenta uma alta taxa de falsos-positivos, mas boa precisão para detecção de patologia intra-articular sendo útil no pré-operatório.
Uma vez que a instabilidade crónica é uma patologia muito heterogénea, é essencial uma boa avaliação e compreensão das lesões associadas, para que o tratamento seja adequado a cada doente, no sentido de corrigir a incapacidade funcional na totalidade e evitar a recidiva da lesão.
Os exercícios de reabilitação melhoram os resultados funcionais. Quando o tratamento conservador não resulta ao fim de 3-6 meses, podemos optar pelo tratamento cirúrgico. . Várias técnicas têm sido desenvolvidas e estudadas, apresentando bons resultados. A cirurgia por artroscopia tem sido cada vez mais utilizada e tem demonstrado resultados promissores, sobretudo no tratamento das lesões associadas.
Referências:
MARTINS, Daniela Sofia Oliveira. Instabilidade crónica do tornozelo. 2020.
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