Os pés de gueixa, também conhecidos como "lotus dourado", são um símbolo icônico da cultura tradicional japonesa, particularmente associados ao período Edo (1603-1868). Esse aspecto da cultura japonesa surgiu em um contexto histórico em que a estética e a etiqueta eram extremamente valorizadas, especialmente entre as classes mais altas. Os pés de gueixa eram considerados uma forma de beleza idealizada e eram um requisito para as gueixas, artistas que eram mestres em várias formas de arte, incluindo dança, música e poesia, e que serviam como anfitriãs em entretenimentos para clientes.
Contexto Histórico:
Durante o período Edo, o Japão passou por um longo período de paz e estabilidade sob o governo do xogunato Tokugawa. Esse período viu o florescimento das artes e da cultura, bem como o desenvolvimento de normas estritas de comportamento e etiqueta social. As gueixas surgiram nesse contexto como uma classe de entretenimento e eram esperadas para personificar os padrões de beleza e elegância da época.
Significado e Estética:
Os pés de gueixa eram considerados altamente eróticos e esteticamente atraentes. A prática de "ohaguro", em que as gueixas pintavam os dentes de preto, era comum, e isso contrastava com a palidez da pele exposta dos pés. A pequena e delicada forma dos pés era valorizada como um símbolo de feminilidade e graciosidade.
Anatomia e Processo:
Para alcançar os pés de gueixa, as meninas eram submetidas a um processo doloroso conhecido como "mizuage" durante a infância. Isso envolvia a imobilização dos pés em faixas apertadas, forçando-os a se dobrar para baixo em direção ao corpo. Esse processo impedia o crescimento natural dos pés, resultando em pés menores e arqueados.
Influência Ortopédica:
Embora os pés de gueixa fossem considerados esteticamente desejáveis, o processo de formação era extremamente prejudicial para a saúde das mulheres. A prática resultava em deformidades permanentes nos pés, causando dor crônica e dificuldades de locomoção. Com o tempo, à medida que o Japão modernizou e ocidentalizou-se, a prática caiu em desuso e tornou-se ilegal. Hoje em dia, os pés de gueixa são mais vistos como uma curiosidade histórica do que como um ideal de beleza.
Referências:
1. Liza Crihfield Dalby, "Geisha" (1983).
2. Gaye Rowley, "Footbinding: A Jungian Engagement with Chinese Culture and Psychology" (2001).
3. John S. Rohsenow, "Footbinding in Neo-Confucian China and the Appropriation of Female Labor" (1998).